Tarifaço de Trump: indústria do Paraná amplia férias coletivas para mais da metade dos funcionários, e medida afeta 1,5 mil trabalhadores
BrasPine emprega cerca de 1,1 mil funcionários em Telêmaco Borba (PR) BrasPine/Divulgação A indústria BrasPine, que fabrica produtos à base de madeira, an...

BrasPine emprega cerca de 1,1 mil funcionários em Telêmaco Borba (PR) BrasPine/Divulgação A indústria BrasPine, que fabrica produtos à base de madeira, anunciou que mais da metade dos funcionários da empresa vão entrar em férias coletivas devido ao chamado Tarifaço de Trump - taxa de 50% que será aplicada a produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos a partir de 1º de agosto, cujo anúncio foi feito pelo presidente Donald Trump em 9 de julho. Inicialmente, a empresa havia informado que 700 trabalhadores iriam parar por 30 dias - todos da fábrica de Jaguariaíva. Nesta terça (22), um novo comunicado foi emitido anunciando que mais 800 funcionários foram incluídos na medida, sendo 50 de Jaguariaíva e 750 da planta fabril de Telêmaco Borba. Ambas as cidades ficam nos Campos Gerais do Paraná, a cerca de 160 km de distância. Os trabalhadores serão divididos em duas turmas: a primeira sai de férias na segunda-feira (28), por 30 dias, e a outra tira os 30 dias a partir de 4 de agosto. ✅ Siga o canal do g1 Ponta Grossa e região no WhatsApp A BrasPine informa que possui, ao todo, cerca de 2,5 mil funcionários. São 1,2 mil em Jaguariaíva, 1,1 mil em Telêmaco Borba, 150 trabalhadores florestais e mais 50 nos escritórios que a empresa possui em Curitiba e Porto Alegre. Ou seja, os 1,5 mil funcionários que entrarão em férias representam 60% de todos os colaboradores da empresa e 65% dos que atuam nas fábricas. No anúncio oficial, a Braspine afirma que a medida se deve às dificuldades comerciais geradas pelas tarifas norte-americanas, e que a decisão foi motivada pela perda de competitividade frente a outros mercados exportadores. Eles seguem operando com tarifas entre 10% e 20%, enquanto os produtos brasileiros enfrentam uma taxa de 50% — fator que impactou diretamente a demanda por madeira nacional, afirma a empresa. Leia também: Oportunidade: Leilão no Paraná oferta 306 veículos com lances iniciais de R$ 711 Curitiba: Sangue que revelou morte de casal estrangeiro escorreu para quarto de criança no apartamento de baixo Entenda: Pai é preso depois de mãe acordar para amamentar e descobrir que bebê de dois meses estava morto Ao g1, a assessoria de imprensa explicou que, por enquanto, as duas fábricas permanecem operando com turnos reduzidos, e que depois da notícia da taxação, uma quantidade significativa de pedidos foi suspensa ou adiada. Por isso, precisamos adequar nossa capacidade produtiva, afirma. BrasPine emprega cerca de 1,2 mil funcionários em Jaguariaíva (PR) BrasPine/Divulgação Recentemente, outra indústria paranaense que trabalha com madeira anunciou que está reduzindo as próprias operações e concedeu férias coletivas: a Millpar, de Guarapuava, onde 640 funcionários foram afetados. SAIBA MAIS: Tarifaço de Trump: fábrica paranaense dá férias coletivas para 640 funcionários e avalia ampliar medida para mais trabalhadores Produção destinada à exportação A BrasPine trabalha com três segmentos de negócio: mouldings (molduras de madeira), pellets de madeira (uma espécie de pino, feito de subprodutos, que funciona como biocombustível) e florestal (plantação de árvores para uso como matéria-prima). Quase toda a produção de molduras da empresa é destinada à exportação. De acordo com a assessoria, grande parte vai para os Estados Unidos; por ser uma empresa de capital fechado, números não foram revelados. Os pellets também são exportados; no entanto, a maior parte da produção vai para a Europa, e a venda no mercado nacional é expressiva. “Reconhecemos que esta nova etapa de férias coletivas — a segunda neste ano para esta unidade — traz impactos pessoais e organizacionais. No entanto, trata-se de uma medida estratégica que visa proteger empregos e garantir a continuidade da BrasPine no longo prazo”, afirma Eduardo Loges, CEO da companhia. BrasPine emprega cerca de 1,2 mil funcionários em Jaguariaíva (PR) BrasPine/Divulgação Setor madeireiro De acordo com estimativas da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), o Paraná é um dos principais exportadores de produtos de madeira para os Estados Unidos. O setor madeireiro gera cerca de 400 mil empregos diretos e indiretos no estado, considerando os trabalhadores florestais e os que atuam em indústrias do segmento, aponta a associação. A entidade também afirma que, em 2024, o Paraná exportou mais de US$ 627 milhões em produtos florestais. Entre os principais, estão as molduras de madeira, como as da BrasPine, paineis compensados, madeira cerrada e diferentes tipos de celulose, por exemplo. MAIS SOBRE O SETOR MADEIREIRO: 15 anos em um dia: como árvore é transformada em papel na maior plantação de pinus do Brasil que fica no PR Recentemente, a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), entidade representativa dos setores de madeira processada e de base florestal, emitiu um nota comentando os possíveis efeitos do tarifaço de Trump na cadeia produtiva nacional. Segundo a associação, 90% da produção se concentra nos três estados do Sul do Brasil, especialmente em pequenos municípios, e o país exporta cerca de 50% dos produtos para os Estados Unidos. Por isso, as férias coletivas forçadas têm sido uma tentativa de ganhar tempo e preservar empregos, afirma a Abimci. A maioria dos contratos estão sendo cancelados pelos importadores norte-americanos e muitos embarques foram suspensos. Para piorar a situação, atualmente, o setor possui, aproximadamente, 1.400 contêineres com produtos já embarcados e em trânsito marítimo para os Estados Unidos. Além disso, em torno de 1.100 contêineres estão posicionados em terminais portuários aguardando embarque. [...] A produção está sendo reduzida em praticamente todo o setor e, em vários casos, com paralisação total. Nesse momento, nosso grande desafio é lutar pela manutenção dos empregos e continuidade das atividades industriais, afirma a entidade. PIB do Brasil pode perder até R$ 175 bilhões com tarifa de 50% de Trump, diz estudo Vídeos mais assistidos do g1 PR: Leia mais notícias da região em g1 Campos Gerais e Sul.